Vista parcial da exposição individual O último brilho da estrela que morre (2018) na Galeria Uma Lulik__
Fotografia: Bruno Lopes © Uma Lulik__



Todas as formas sublimes são transitórias (2), 2018
Impressão a jato de tinta sobre papel japonês 70gr
110 x 148 cm



Pormenor de Todas as formas sublimes são transitórias (2), 2018


Todas as formas sublimes são transitórias (4), 2018 | Impressão a jato de tinta sobre papel japonês 70gr | 110 x 146 cm

Todas as formas sublimes são transitórias (4), 2018
Impressão a jato de tinta sobre papel japonês 70gr
110 x 146 cm



Pormenor de Todas as formas sublimes são transitórias (4), 2018



Todas as formas sublimes são transitórias (8), 2018
Impressão a jato de tinta sobre papel japonês 70gr
110 x 150 cm




Pormenor de Todas as formas sublimes são transitórias (8), 2018



Todas as formas sublimes são transitórias (2018) resulta do trabalho direto sobre película.

Esta obra, composta por nove trabalhos, parte de um conjunto de negativos que descobri em Joanesburgo (África do Sul) em Abril de 2018. Era possível perceber, pelas legendas inscritas no envelope que os guardava e ao observá-los em contraluz, de que se tratavam de registos de um terreno que estava a ser preparado para a extração de ouro no início do século XX.

Nos respectivos negativos, toda a área da imagem que permitia a identificação do local foi raspada. Na impressão final, realizada sobre um frágil papel japonês de 70gr, essa área é representada por uma mancha negra que varia entre pretos e cinzentos. A única informação que foi preservada nos negativos originais corresponde ao branco do céu, invulgarmente despido das densas nuvens que caracterizam o céu de Joanesburgo. Nesta área das impressões, e porque o branco não é impresso, sobra o silêncio de um apagamento total.

A história de Joanesburgo e a respectiva paisagem estão profundamente marcadas pela indústria mineira, que atua na cidade desde a descoberta deste metal em 1886. As minas são exploradas até que o ouro acabe e, nesse momento, são normalmente abandonadas. A natureza encarrega-se de fazer desaparecer, naturalmente, estes espaços de um passado recente. Há uma naturalização da visão sobre estes terrenos de uma transitoriedade própria. Esta última não deixa de representar, mais do que uma adaptabilidade às condições, o esquecimento. O solo, na sua absorção natural, faz desaparecer os eventos, a história do local.

É inegável reconhecer que a paisagem carrega consigo uma vulnerabilidade não só face à passagem do tempo, como à intervenção do homem na sua modulação. Subsiste a confirmação de que as formas sublimes, que escoltam o progresso, são transitórias, perecíveis. A vegetação rasteira nasce agora nos locais onde nos perdemos e alheamos.


AnaMary Bilbao, Setembro 2018

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